Saí de casa estava escuro (eram 7 da amnhã e o nascer do sol era apenas às 7h46), e com a lanterna lá no sítio, preparei-me para iniciar a pedalada. Aqui a primeira surpresa desagradável: estava a chover! Todos os sites de metereologia que visitei davam tempo seco, mas a chuva ali estava... Vesti o meu impermeável e siga, que não ía deixar que uma chuvita me demovesse. Felizmente, a chuva parou uns kms à frente e nunca mais me chateou! :-) Comecei então pelos trilhos de Rio de Loba, Mundão, sempre a subir até chegar a Cavernães,com o nascer do Sol pelo meio, onde apanhei o trilho que me levaria até ao Rio Vouga (bela e longa descida, com uns enganos pelo meio, pois estou habituado a fazê-la ao contrário eh eh), o início da grande subida para a Vigia de S. Salvador.
Como normalmente, a subida fez-se a um ritmo constante, permitindo vislumbrar as magníficas paisagens oferecidas por esta serra e pelas serras envolventes. Isolados e afastados das grandes povoações, sentimos-nos embrenhados na Natureza. Ao chegarmos à estrada de alcatrão, o percurso continua com trilhos virados para Oeste, com vista para a Arada e S. Macário, e para o branco Montemuro. Estes são os trilhos chamados do barro negro. Ao fim de 12km de subida, chegamos então à Vigia de S. Salvador, primeiro objectivo do dia.
Aí chegados, após uma pausa para alimentar o corponho a apreciar devidamente a paisagem e o silêncio, iniciei a fase de descoberta do dia. Com ajuda do meu gps de bolso (uma impressão do percurso num mapa eh eh), lá encontrei o trilho que me iria levar ate Vila de um Santo. E que trilho esse! Uma descida brutal, inclinada e cheia de calhaus soltos, onde passei dos 873m para os 715m em pouco mais que um km. E a vista? Que paisagens! Antes da chegada a Vila de um Santo, o vislumbre ao longe de uma capela empoleirada a meio da serra em cima de um aglomerado rochoso, a fazer-me pensar em futuras incursões àquela serra com tantos trilhos novos ainda para oferecer.
Passado Vila de um Santo, iniciei a procura dos trilhos que me levariam até à Vigia de S. Miguel. Olhando para o horizonte, apenas via uma serra arborizada, com uma antena no cimo. Mas olhando para o mapa, era muito provável que fosse aí. Descobri o início do trilho, e lá fui eu. A outra surpresa desagradável, esta bem mais que a outra: quando já estava bem embrenhado nesta serra, o triho começa a transformar-se numa selva, com sinais de ter sido abandonada à anos. O trilho já nem se via, apenas tojos, silvas e árvores caídas. Entre o bom senso que me mandaria voltar para trás, e a sensação que já estaria a meio do trilho que me levaria à estrada batida para a Vigia, decidi continuar em frente, com a bicicleta às costas, a abrir caminho. Foi mais de um km nesta brincadeira, que me cansou bastante, mas que no fim acabou por se mostrar proveitoso pois acabei por dar com a outra estrada. Quando vamos à descoberta, e construímos um percurso num programa como o gpsies.com, nunca sabemos bem como estarão esses trilhos actualmente, pois as fotos de satélite na maioria das vezes estão desactualizadas. Mas a descoberta também é isto. Numa próxima vez, já saberei contornar esse percalço. Então, depois de muito esforço, e muitas picadas de tojos e silvas eh eh, lá cheguei à segunda vigia. Aqui, devido às árvores, não pude ver a paisagem que certamente seria espectacular, não tivesse esta vigia vista para o planalto entre Sátão e Vila Nova de Paiva. Felizmente, na descida da Vigia para Nogueira (outra descida espectacular), pude observar essa paisagem.
Chegado a Nogueira, foi apanhar a estrada para Viseu, e pedalar em estrada até casa. Pelo meio, alguns farrapos de neve à beira da estrada, e tanques de água gelada que nem uma pedra do tamanho de um punho, atirada com força, fez mais que simplesmente lascar, e saltar para longe (aqui foi a criança que há em mim que se pôs a brincar eh eh). Devido ao tempo perdido com os enganos, fotos e a desbravar a selva, para chegar a tempo do almoço de família, tive que cortar os últimos km, com uma bela subida em trilho, já perto de casa. Fica para uma próxima. Ah, já me esquecia, ao longe, de vez em quando, vislumbrava altiva, a tal capela no meio da serra, qual provocadora, a não me deixar esquecer de a ir visitar. :-)
Em conclusão, mais um belo dia de btt, com novos trilhos, e que mais vontade me deram de os novamente visitar e até, outros conhecer.
Saída - 7h00
Chegada - 12h10
Distância - 72km
Tempo a pedalar - 4h20
acumulado - 1402m
Track - Rota das Vigias
